Trecho do Novo livro (continuação do livro ''Meu Benjamin'')




Estou escrevendo a continuação do livro ''Meu Benjamin'', e decidi que irei postar alguns trechos do  livro aqui. Compartilhe em  suas redes sociais e com seus amigos, pois quanto mais visualizações tiverem os trechos postados aqui, mais eu vou postar. Quem sabe eu não acabo publicando todo o livro aqui?

''Quando terminamos o ensino médio alguns corações anseiam pelo ensino superior, e nós pensamos em como a universidade mudara nossas vidas. Sentamo-nos e olhamos os ‘’cardápios’’ de cursos que mudarão nossas vidas em alguns anos. É engraçado quando percebemos nossa ingenuidade ao alimentarmos isso enquanto folheamos cada panfleto promissor. Para muitos o seu valor está em um curso superior e ninguém se importa sobre o coração. ‘’’O melhor’’ possui um diploma reconhecido onde seu poder é elevado a cada novo grau que ele completa. Então algumas pessoas anseiam ardentemente por um diploma mesmo que não sigam a carreira escolhida inicialmente. O mundo te diz que  ter um diploma  te faz ser ‘’alguém’’ diante dos olhos dos outros. É, não interessa seu coração, se você possui um diploma. Sentimentos? São deixados dependurados perto da porta, eles não entram e nem fazem ‘’’carreira’’. Eu olhava no relógio e meu coração acelerava enquanto eu corria contra o tempo para ter em minhas mãos o diploma.

Eu vi tanta gente se formando no ‘’meu’’ lugar e isso me fez querer muito mais estar no ‘’pódio’’.  Quando li no e-mail que eu estava reprovada em uma matéria e isso me faria esperar mais seis meses para a próxima formatura eu senti uma facada em meu coração.

- Não, não pode ser. Eu preciso me formar nesse semestre.

O ''canudo'' iria para outras mãos, outra vez. Somos frustrados varias vezes na vida, mas se nos ensinassem isso desde a infância derrotaria o gosto da paz em nossos lábios. A frustração nos tira a paz. Por isso só  aprendemos realmente sobre a frustração na maturidade. Não existe fase na vida que se torne melhor para se aprender sobre fracassos, eles nunca terão um gosto bom. Mas ter uma fase sem voltar os seus olhos para o fracasso é revigorante para os próximos passos. Eu corria chorando e dizendo ao telefone:

- Eles não podem fazer isso comigo. Eu expliquei eles ... Eu sei que a nota está errada.

Eu havia passado madrugadas a inteiras acordada estudando. Eu nunca havia estudado com tanta dedicação como nos últimos meses, eu não aceitava aquela porta na minha cara. Não, se eu aceitasse eu iria me arrepender pelo resto da vida. Eu fechei a porta do quarto enquanto chorava deitada na cama. Adultos também afogam lagrimas na cama, por mais que tentem negar não são apenas crianças que fazem isso. Mas crianças não escondem, adultos esperam a noite por sentirem vergonha de expor a dor diante da luz do sol.

- Deus, eu preciso. Meu coração não suportara que essa porta se fecha e nunca mais se abra. Eu insisti por você! Apenas me guie e me ajuda mais uma vez.

Ninguém gosta de vê a porta se fechando no rosto. Fracasso não é algo que colocamos em um quadro emoldurado e mostramos para as visitas. É algo que guardamos debaixo da cama e nunca olhamos, e desejamos que evapore sem deixar vestígios. Eu iria aceitar a porta cerrada diante dos meus olhos ou iria empurra-la? Cem por cento, eu iria dar tudo de mim e iria passar por ela. Levantei me e escrevi um e-mail para a universidade. Eu precisava que eles estivessem comigo. Não estavam dispostos, eu sabia. Eles insistiram que haviam feito tudo o que podiam. Mas nem sempre quando dizem que fizeram ‘’tudo’’ realmente fizeram ‘’tudo’’. Ás vezes querem apenas resolver a situação sem que isso interfira no tempo deles, o tempo  que eles julgam ser mais precioso do que o nosso. Eu respirei fundo e disse:

- Não, não está em pauta desistir. Empurre a porta, faça o seu melhor, mas desistir não é uma opção. Tão perto, quase o pude tocar, e eu perdi? Não, não Tessalia, você fara mais dessa vez. Você fara o seu melhor.

Você já teve a sensação de ter um troféu em sua direção e ele passar direto para outras mãos? O primeiro sentimento é desapontamento, depois vergonha e todos os outros desprezíveis sentimentos se misturam no seu interior. Seu coração se envergonha, sua alma se fecha e todo seu ser te culpa. Eu não iria aceitar que aquela porta se fechasse e fosse o fim. Aquele momento não seria o meu fim. Eu peguei o telefone e liguei para a secretaria enquanto buscava uma justificativa que me tirasse daquele dilema. Na verdade, eu não aceitaria justificativas, eu só aceitava uma solução que me fosse favorável.

- Olha, eu realmente preciso me formar nesse semestre. Não tenho outra opção, entende?

- Sim, mas tudo o que poderia ser feito já fizemos. Desculpe.

- Não, não foi ‘’tudo’’ feito. Eu tenho certeza que pode ser feito algo por mim. Vocês podem fazer mais por mim, eu sei disso.

- Senhora, poderemos observar melhor a situação, mas acreditamos que realmente fizemos tudo.

Eu havia comprado as passagens e reservado o hotel. Eu não teria aquele dinheiro de volta, e eu só fiz isso por acreditar em mim, é, depois de anos eu apostei em mim. Era duro de me ver cair diante dos meus próprios olhos. Eu estava me desfazendo, e sentindo que perdi tempo quando acreditei demais em mim. Era ‘duro’ de me assistir, ruir daquela maneira. Minhas mãos tremiam e meu coração acelerava enquanto eu aguardava uma solução.

- Ok! Veremos o que poder ser feito nos envie todos os e-mails que você tem. Eu tentarei falar com o supervisor. E veremos o que fazer para um resultado melhor para a senhora.

- Obrigada, eu vou enviar hoje ainda.

Quando desliguei eu sentia que havia corrido uma maratona. Eu deitei em minha cama enquanto sentia a ansiedade corroendo minha alma. Sabe ainda sentia ansiedade algumas vezes. As lagrimas desciam enquanto eu fazia um ultimo pedido a Deus sobre tudo isso.

- Eu não mereço, mas eu preciso. Me ajude, mais uma vez e sei que não será a ultima. Por milhares de vezes eu sei que ainda vou precisar, só me ajude. Tantas vezes eu desejei esse momento e agora ele vai escapar assim? Não, por favor, Senhor não deixe.

Deus não é obrigado a me ajudar mesmo que ele seja o Criador. Porque eu dizer que ele é obrigado faz parecer que eu mereço e não mereço. Apesar de que sempre vou precisar Dele e depender Dele, eu não mereço que as mãos dele me alcance, mas ainda assim eu serei alcançado com graça e misericórdia. Se fosse por merecimento eu estaria perdida, mas é por graça então me sinto achada.

Falamos tanto com Deus quando a dor chega. Contamos sobre cada centímetro de nós. Ele se torna o único alivio na angustia o conforto bem presente quando a alma dói. Deus, nos perdoe por todas as vezes que fugimos de ti na alegria, mas te abraçamos na angustia. Perdoe-nos por te barrar em nossas festas, mas escancarar a porta na vergonha. Perdoe-nos por sermos ingratos no deleite e ansiosos na tristeza. Não te merecemos, mas ainda assim o temos.

Eu estava cansada, todos nós cansamos. Mas eu não iria desistir, eu estava disposta a dar o meu sangue. Eu me lembrava dos anos na faculdade e de todas as voltas que eu dei no deserto para chegar aonde eu estava. Voltar não seria justo com todos os planos que Deus traçou pra mim. Eu caminhava de um lado par ao outro e eu não conseguia dormir. Comecei a limpar a cozinha, e lavei os banheiros enquanto a madrugada chegava. Movimentar me ajudava a pensar, eu não iria dormir com tanta ansiedade no peito. Eu resmungava para as paredes enquanto chorava durante a limpeza. Nas minhas crises de ansiedade eu havia desenvolvido uma necessidade por limpeza, isso era estranho as vezes. Eu poderia limpar varias vezes o mesmo lugar sem me cansar, e isso me fazia sentir como se eu estivesse ganhando tempo. Mas depois eu me sentia extremamente cansada e desanimada.

- Eu fiz muito, eu dei o meu máximo. Podem dizer o que for sobre mim, mas não podem dizer que eu fiquei parada. Deus me ajuda!

Eu me lembrava do dia em que eu havia pedido  ajuda para pagar a viagem e me disseram:

- Vamos te ajudar!

Seria uma semana no sul do país e devido a tudo eu não iria sozinha, eu pedi que Laura me acompanhasse. Eu queria meus pais tranquilos e que não houvesse motivos para duvidas. Eu iria arcar com dois pacotes de viagem. Eu confiei que seria ajudada. A pior parte da ajuda é quando você confia que ela virá e por algum motivo ela não vem. O sentimento de desamparo é forte quando a mão se recolhe. Mas, as mãos dos homens recolhem mesmo dependendo da nossa necessidade, porem as mãos de Deus está estendidas para nos salvar dos mais ociosos vales. Eu fiquei envergonhada por acreditar que alguém me ajudaria, a culpa não era de quem me prometeu ajudar e não ajudou. A culpa era minha por confiar que isso aconteceria. As pessoas nos dão sinais sobre o que elas podem oferecer, mas ignoramos e por vezes dizemos que não esperávamos. A culpa não é de quem nos ofertou pouco quando esperávamos muito, a culpa é nossa de ignorar os sinais e sermos ‘’pegos’ desprevenidos pela realidade de quem o outro é.

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